Sangrar

Coração frio, mais do que o normal. Era uma descoberta e tanto, até porque no fim tudo terminaria do mesmo jeito. Ele caminhou a passos lentos, deslizava sobre as pedras com seus músculos contraídos. De que adiantara tudo aquilo? Nada havia sobrado além do sentimento abestalhado e da sensação inesperada de ansiedade. Levantou a cabeça devagar, ao longe sua cabeça gritava no fronte enquanto no horizonte jazia um último vestígio do sol. Faltava pouco agora. Seu pensamento corria de forma lenta, seu desejo era insuportável. Mas aquilo ali tinha que ser feito. Caminhou mais rápido, agora o ar começara a ficar gélido e silencioso, trepidando por dentro. Seria coisa de sua cabeça, produzida pela culpa que carregava? Não perdeu muito tempo nesse limbo. Continuava caminhando, as palmas das enormes mãos suavam. Por que parecia tão complicado? Chegara. Respiração tensa. Abaixou-se, retirou a tábua e seus olhos se estreitaram enquanto seu coração apertava. Sim. Ali estava. Tremendo ergueu a tampa, retirando da caixa um coração ensanguentado. 

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