O PAPAI NOEL

Papai Noel Maldito
Sentado diante da árvore de natal, ele parecia uma estátua em transe profundo de pensamentos e indefinições de realidade. Diante dele, estendia-se um rio de sangue fresco e outros já coagulados, que escorriam por finos canos e pingavam sobre um grande caldeirão repleto de dejetos humanos mortos.
Faltava pouco para o dia 25 de dezembro, e sua aparência ainda não estava de acordo com o que deveria ser. As pernas finas, os braços magros, a barriga funda e os olhos saltados das órbitas, não iriam nunca enganar ninguém. Ao contrário, assustaria alguns desavisados que o encontrassem no meio do nada.
Com um chacoalhar da cabeça, ele se levantou, passou entre os canos e diante do enorme caldeirão, abriu uma portinhola e começou retirar pedações de braços e pernas, alguns rins e outros corações. Pôs sobre a mesa que havia no lado esquerdo, e inconsciente do fedor que exalava pelo lugar, ele começou a comer lentamente. Cada mordida avivava um pouco sua cor e ele parecia um pouco mais gordo.
Repetiu o prato ainda umas 20 vezes, até quase esvaziar o tanque, bebeu um pouco de sangue coagulado e sem ter como explicar, seu corpo ganhou a forma desejada.
Vestiu-se da tão comum roupa vermelha, colocou o gorro e exatamente a meia-noite saiu.
João estava animadamente sentado perto da churrasqueira, conversando com alguns parentes alienados. Entremeio a conversa, um barulho na porta acompanhado de HO-HO-HO! Levou às crianças a loucura.
Correram todos e em frende deles estava o Papai Noel, em sua habitual roupa vermelha e barba branca. Com um sorriso bondoso, o velho não precisou pedir para que eles abrissem as portas. Atrás dele, sem nem perceberem, ele trancou e caminhou até o centro da casa.
Sorridente, ele retirou de dentro de um saco algumas surpresas para as crianças, que pulavam de alegria. Entre os parentes surgiram os burburinhos de quem havia contratado o homem, sem aparecer o culpado pela animação da festa.
Convidaram-no para a ceia, dando-lhe preferencia para a cadeira central. Este, tão carismático quanto era, retribuía sorrisos e piadas, tirando de todos a atenção da realidade.
Então, sem mais enrolar, o bom velhinho, a frente de todos já saciados, transformou o sorriso em uma careta horrenda, seus lábios se afastaram e deram espaço a uma boca enorme e uma língua áspera.

Os convidados da família paralisaram, o barulho das risadas foram diminuindo gradativamente, e todos os rostos se voltavam para a figura bizarra e assustadora no meio da sala.
Após o susto inicial, deu-se inicio a um estardalhaço, alvoroçar de pessoas querendo correr, alguns sacando facas da cozinha, entretanto devido ao sonífero que o bom homem havia despejado na comida, um a um foram caindo, moles, sem forças para correr ou até gritar.
Não era intensão do Noel que eles adormecessem completamente, eles deveriam estar acordados o suficiente para verem o que aconteceria a seguir. Pois o sabor do medo e do pavor melhorava a carne.
Ele começou com as crianças.
Uma a uma, frente aos pais, cortou-lhes a cabeça e dependurou o corpo pelos pés, para que o sangue escorresse dentro do balde.
Depois, com os mais velhos, abriu-lhes a barriga e pendurou-os pela coluna cervical, olhando os corpos sacudirem diante da dor e os rostos se transformarem de pavor.
Um a um ele cortou e pendurou. Depois se sentou diante deles, assistindo a vida esvair-se da casa, que mergulhara em profundo silêncio. Quando terminou, picou-os em pedaços, separando os órgãos em sacolas e embrulhou o restante em sacos vermelhos e os arrastou.

Jogou as partes dentro do caldeirão e despejou o sangue nos canos. Terminando a colheita bem a tempo de ver seu corpo retornar a magreza habitual do ano inteiro, feliz assobiou uma canção natalina e saiu da sala, apagando a luz, cuja qual só seria acesa no outro ano.
                                                                                                MirianKardoso

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2 comentários:

  1. Orra em Mirian, essa história é de arrepiar os cabelos em pleno natal em!! hohoho
    Tirem as criancinhas dos PCs!!!!
    Muito criativo e muito macabro!! Me prendeu até o fim....parabéns pelo post!!

    www.mundopacato.blogspot.com.br

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  2. Só um pouco assustador. Acredito na desconstrução da literatura certinha e adequada. Tirem as crianças! rsrsrsrs Obrigada pela visita!

    Abraço!

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