FIM

Acordei desesperada, sentindo cada gota de minha transpiração gotejar em meu rosto. Minha respiração pairava no ar, e meus ouvidos atentavam para ouvir o que acontecia ao meu redor. Meu coração, porém, era mais rápido e descompassado, tão ligeiro batia que quando dei por mim não escutava mais nada além das passadas descomunal de um orgão tão pequeno, mas capaz de ser transpassado por tanta aflição e tristeza, que matava lentamente, como um veneno letal que faz morrer de forma sufocante.
Naquele momento toda a angustia voltou a minha mente, um sentimento ultra-angustiante se apoderou de mim: eu queria morrer.
As pontas de meus dedos foram ficando cada vez mais frios, meus pés não sentiam a circulação. O ar que respirava era pó diante da angustia da minha alma, e todo o resto virou podridão.
O mundo que se erguia abaixo dessa fraca existência não era nada mais que um passado, fosco, apagado e, com o passar certeiro do tempo, esquecido.
Meus lábios impuros não podiam ser curados, nem a desordem poderia ser restaurada.
Era o fim, eu morri.



                                                MirianKardoso
A morte surral

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